Brasil expande seu arsenal de defesa antiaérea


O Escritório de Projetos do Exército do Brasil (EPEx), criado em 2012, avalia, propõe, coordena e integra os esforços para viabilizar a realização de projetos estratégicos do Exército, com características de grande porte associadas à complexidade tecnológica e financeira. Desde 2012, o EPEx une forças em torno de sete projetos: Guarani, Defesa Cibernética, Defesa Antiaérea, Proteger, Recop, Astros 2020 e Sisfron.

Diálogo está apresentando cada um dos projetos, seus objetivos e desafios, assim como novos desdobramentos, em uma série de reportagens semanais. A desta semana destaca o Projeto Estratégico de Defesa Antiaérea.

Até o final de 2015, todos os Grupos de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro estarão suficientemente equipados com os radares SABER M 60. Concebido pelo próprio Exército e fabricado pela empresa nacional Bradar, o sensor tem alcance de até 60 quilômetros. Seu desenvolvimento representa mais um passo em direção ao fortalecimento da capacidade do país de assegurar a sua defesa antiaérea.

É com esse objetivo que trabalha o Projeto Estratégico de Defesa Antiaérea, criado em 2010.

“Esse projeto é parte do processo de transformação do Exército, que impõe que os projetos estratégicos apresentem novas capacidades à Força Terrestre”, diz o Coronel Edson Ribeiro dos Santos Júnior, que integra a equipe do Defesa Antiaérea, gerenciado pelo General de Brigada João Chalella Júnior.

Sistemas de radares detectam ameaças em diferentes distâncias

O radar SABER M 60 é um sensor de busca. Ele envia seus dados a um Centro de Operações de Artilharia Antiaérea, onde a informação é processada. Caso uma ameaça seja detectada, a equipe abrigada no Centro de Operações pode decidir imediatamente pelo lançamento de um míssil contra o alvo.

De acordo com o Coronel Edson Ribeiro, em 2015 serão entregues ao Exército mais cinco desses radares. A quantidade será suficiente para suprir a necessidade dos Grupos de Artilharia Antiaérea e para começar a equipar as Baterias Antiaéreas orgânicas das Brigadas de Infantaria e Cavalaria. O Projeto de Defesa Antiaérea também prevê o desenvolvimento do radar SABER M 200, cujo protótipo deve ficar pronto até dezembro deste ano. Como o nome sugere, esse sensor tem alcance maior que o M 60, de aproximadamente 200 quilômetros. Assim, permite o alerta antecipado de ameaças, o que proporciona um tempo de reação também maior. Por conta dessa capacidade, é considerado um radar de vigilância. Assim como o M 60, o radar SABER M 200 funciona em conjunto com os Centros de Operações de Artilharia Antiaérea.

Construção de centros de operação

Em sua primeira fase, iniciada em 2010, o Projeto de Defesa Antiaérea entregou à Força Terrestre não apenas radares, mas também Centros de Operações de Artilharia Antiaérea, sistemas de armas de baixa altura (RBS 70 e GEPARD), equipamentos de comunicação, viaturas operacionais e capacitação. O projeto deve continuar até 2030.

Um objetivo fundamental da iniciativa é expandir a Artilharia Antiaérea por meio da criação de novas unidades. Duas delas já se encontram na fase de implementação: o 12º Grupo de Artilharia Antiaérea, em Manaus (Amazonas), e o Batalhão de Manutenção e Suprimentos de Artilharia Antiaérea, em Osasco (São Paulo). A construção da estrutura física do 12º Grupo começará pelo quartel, que deverá ser concluído até outubro para abrigar os primeiros militares do Grupo.

As autoridades militares também planejam reformar as instalações do Batalhão de Manutenção e Suprimentos de Artilharia Antiaérea. Essa unidade integrará o sistema de apoio logístico à defesa antiaérea, formado por especialistas capazes de resolver problemas mais complexos de manutenção dos equipamentos, além de cuidar dos suprimentos necessários ao funcionamento desse aparato, como munição, combustível e lubrificante.

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse recentemente a Diálogo que o sistema de defesa aérea do Brasil está antiquado e que a atualização é necessária não apenas para fornecer segurança adequada aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, mas para a segurança nacional.

Sistemas de armas em baixa altura

Posicionar veículos de alta performance é outro importante componente do sistema de defesa antiaérea. Para garantir que o Exército tenha esse tipo de veículo, uma equipe de militares brasileiros testou seis carros de combate blindados entre 14 e 17 de abril. Após movimentá-los pelo Campo de Provas de Marambaia para observar seu desempenho e verificar todo o seu sistema eletrônico, os soldados dispararam tiros dos dois canhões 35 mm que equipam esses tanques, concluindo assim as etapas do teste de aceitação. Os veículos foram aprovados.

O sistema foi adquirido para atender à necessidade de recuperação da capacidade operacional de defesa antiaérea de baixa altura (até 3.000 metros de altitude). Ele é composto por carros de combate blindados, radares de busca e de tiro, computadores, rádios e munição. Em uma ação real, esses equipamentos são usados em conjunto, de forma interoperacional.

O Exército já recebeu 29 desses sistemas. No ano que vem, serão entregues mais oito. Todas as unidades são destinadas a duas Baterias Blindadas: a 11ª Bateria de Artilharia Antiaérea Autopropulsada, localizada em Ponta Grossa, no Paraná, e a 6ª Bateria de Artilharia Antiaérea Autopropulsada, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Treinamento para mais de 500 militares

Mobilizar armas sofisticadas exige treinamento. Os sistemas de armas que o Brasil está adquirindo sob o Projeto de Defesa Antiaérea incluem simuladores, necessários para o treinamento de militares que utilizarão as armas. A capacitação por meio de simuladores é realizada pelas unidades que recebem os equipamentos e pela Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, instituição de ensino localizada no Rio de Janeiro.

Também estão programados treinamentos maiores. Um deles está previsto para agosto no Campo de Instrução de Formosa (a 100 quilômetros de Brasília). A atividade deverá envolver mais de 500 homens por duas semanas e será conduzida pela 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea.

“Esse treinamento não é o único do ano, mas é o que reúne todo mundo”, diz o Coronel. “A preocupação é com a padronização de procedimentos. A gente tem de garantir que todos falem a mesma a língua, que procedam da maneira como se tem de proceder.”

Dialogo Revista Militar Digital 

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