Pedido de corporações americanas para liberar uso de drones aumenta pressão contra ente regulador nos EUA
Thomas Black
(Bloomberg) - Enquanto os reguladores nos EUA estudam como governar os drones comerciais, as corporações americanas estão avançando no uso de aviões não tripulados no intuito de acelerar o processo e obter concessões para as restrições propostas.
Grandes empresas, entre elas a American International Group Inc., a Chevron Corp. e a BNSF Railway Co., estão planejando testes de voo para inspecionar estragos causados por tormentas, oleodutos e ferrovias. A Union Pacific Corp. empregará seus drones de 3,18 quilos para monitorar descarrilamentos de materiais perigosos.
Os testes têm lugar em meio às reclamações de críticos, liderados pela Amazon.com Inc., de que a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) está bloqueando tecnologia que está sendo aplicada rapidamente no exterior e que poderia transformar tudo, das inspeções industriais até a gestão de terras para cultivo. A Amazon está trabalhando em fretes futuristas, mas outras empresas estão procurando regras menos restritivas enquanto começam a levar veículos aéreos não tripulados (VANT) para os céus dos EUA.
"Eu não acho que nenhum de nós esteja fazendo isto por ser algo bacana", disse Lynden Tennison, diretor de informações da Union Pacific, em uma entrevista. "Estamos fazendo isto porque acreditamos na existência de benefícios comerciais".
O potencial dos drones será um assunto central nesta semana em Atlanta, quando fabricantes e usuários se reunirem para o salão anual da Association for Unmanned Vehicle Systems. A FAA será instada a atuar rapidamente para a criação de normas permanentes.
Proposta
A agência propôs regulamentações em fevereiro para levantar a proibição do uso comercial de drones com peso inferior a 25 quilos atualmente em vigor, mas impôs restrições. É possível que as normas finais sejam instauradas daqui a mais de um ano, já que os reguladores estão avaliando cerca de 4.500 comentários públicos. Outras regulamentações cobrem o uso recreativo dos drones.
Os defensores da segurança aprovam a cautela da FAA, porém as restrições planejadas continuam sendo onerosas para fabricantes de drones e clientes: sem voos além do campo visual, voos noturnos nem operações perto de pessoas - e a lista continua.
A Chevron procederá ao desenvolvimento de aviões não tripulados para conferir oleodutos, segundo Christian Sanz, CEO da Skycatch, uma fabricante de drones e software que está trabalhando com a petroleira. O problema: os operadores da Chevron estariam a quilômetros dos drones, mas a FAA exige que estejam à vista. Se a norma não for relaxada quando os VANT estiverem prontos para voar, os testes serão realizados fora dos EUA, disse Sanz.
A Amazon, que está desenvolvendo drones para entregar pacotes, tem sido especialmente crítica da FAA. Uma norma proposta pela agência exigiria que os drones estejam sob controle direto de um operador, porém os aviões da Amazon, que voam a pelo menos 60,96 metros do solo, seriam guiados por computadores e sensores.
A agência tem sido um dos maiores "obstáculos" para o crescimento do setor de drones comerciais, disse Colin Guinn, chefe de vendas e marketing da fabricante de drones 3D Robotics, que fabricará as aeronaves da BNSF e da AIG. A FAA também não percebe como os drones comerciais poderiam salvar vidas ao substituir helicópteros e aviões pilotados, disse ele.
Cautela elogiada
Os pilotos e fabricantes de aviões pequenos dizem que a FAA está certa em atuar com cuidado. A incorporação de drones comerciais ao espaço aéreo dos EUA é muito mais importante do que foram a transição de aviões com motores de pistão para jatos e a estreia dos helicópteros, disse Walter Desrosier, vice-presidente da associação do setor General Aviation Manufacturers Association.
Contratempos com drones atiçaram as preocupações dos críticos. Em janeiro, um homem em Washington perdeu o controle de um drone recreativo que caiu sobre o gramado da Casa Branca. No ano passado, um drone militar com peso de cerca de 170,5 quilos caiu perto de uma escola de ensino fundamental na Pensilvânia durante um exercício e foi atropelado por um veículo.
"Existe um número considerável de restrições", disse Tennison da Union Pacific. "A FAA vem escutando e está reconhecendo que esta é uma área em evolução para eles e que ela precisará de uma mudança com o tempo".
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